Continua greve de 4.800 em terceirizada da RPBC

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7 de abril de 2014

 

Continuam em greve, desde a manhã de quinta-feira (3), os 4800 empregados da empreiteira Tomé, a serviço da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC Petrobrás). Em assembleia na manhã desta segunda-feira (7), na portaria 1 da estatal, eles decidiram continuar a paralisação, que mobiliza 100% dos empregados da terceirizada.  O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem de Manutenção Industrial (Sintracomos), Macaé Marcos Braz de Oliveira, quer “pressa nas negociações”. “A empreiteira até apresentou, na tarde de sexta-feira (4), 30 providências que promete adotar, diante das reivindicações. Mas os trabalhadores não acreditam”, diz o sindicalista. Segundo ele, “além das péssimas condições de trabalho, que precisam de alguns dias para ser resolvidas, há muitos problemas com holerites e o pagamento de salários, horas extras e benefícios”. “Como a empresa fica até dois meses sem entregar comprovantes de pagamento, os companheiros não têm como conferir se os valores depositados correspondem ao que têm direito”, diz Macaé. Ele reclama que “há mais de dois anos a empreiteira promete resolver os problemas de infraestrutura e os trabalhadores questionam por que ainda não resolveram”.

Assembleia e passeata nesta terça-feira

O sindicalista prepara uma grande passeata nesta terça-feira (8), após a assembleia marcada para as 7 horas, saindo da refinaria com destino ao pátio da prefeitura.

“Não se trata de um protesto contra a prefeitura, mas sim contra a empreiteira e a direção da RPBC. O local da concentração é onde tradicionalmente se fazem as manifestações públicas em Cubatão”, explica.

Reclamações e reivindicações

Segundo Macaé, os operários têm uma lista de reclamações que vão desde banho em chuveiro frio, sanitários insuficientes e imundos, fossas rasas e malcheirosas até problemas com as refeições. No almoço, explica o sindicalista, a fila chega a demorar 45 minutos, obrigando o trabalhador a comer às pressas, pois o horário disponível é de uma hora. O presidente do Sintracomos explica que os refeitórios não repõem saladas e carnes e que faltam até mesmo pratos e bandejas, agravando a espera. Ele reclama que os refeitórios são pequenos para tanta gente e as áreas de vivência determinadas pela norma regulamentadora 18, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), “simplesmente não existem”.  “Após as refeições, as pessoas não têm onde descansar um pouquinho. Ao contrário, têm que enfrentar mais filas, se quiserem ir ao banheiro. O que é isso? Uma indústria ou um campo de concentração?” “As filas são intermináveis e insuportáveis. É fila pra tudo. Fila pra ir ao banheiro, para almoçar, para entrar e sair da área. As filas chegam a ter até 600 pessoas, em determinadas circunstâncias”. 

Irregularidades

Outra denúncia grave diz respeito a erros nos holerites. Segundo Macaé, há casos da empresa pagar apenas 30 dias em meses de 31 dias e de sonegar horas extras trabalhadas.  O sindicalista também acusa a empreiteira de não pagar corretamente a participação nos lucros ou resultados (plr), conforme o acordo coletivo, e saldar quitações rescisórias com atraso. “Os companheiros reclamam, mas não são ouvidos. Permanecem de pé, nos pátios, de manhã, quando chegam, esperando o transporte interno, e à tarde, na hora de ir embora.” , e acabam se atrasando para as aulas noturnas de cursos que muitos frequentam. Ou simplesmente deixam de ficar mais tempo com familiares e amigos.” O sindicalista alerta para a falta de condições de evacuação da empresa em necessidade de saída urgente. “Se acontecer um acidente grave, ele pode ser agravado pelos acessos estreitos para tanta gente”. “Isso tudo que acontece por causa da má gestão e da falta de logística da empreiteira”, lamenta o presidente do Sintracomos, também diretor estadual e nacional da Força Sindical. Foto de Vespasiano Rocha.