Construção tem segunda morte do ano por acidente

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9 de junho de 2015

 

 

Atingido por vergalhões, morreu, na manhã desta segunda-feira (8), em Santos, o trabalhador de construção civil José Higor de Lima. Foi o segundo óbito no setor, em 2015, na Baixada Santista. O acidente foi na demolição do estacionamento de um prédio na Avenida Siqueira Campos (canal 4), esquina com a Avenida Bartolomeu de Gusmão, na Praia do Embaré. O primeiro óbito do ano foi na Usiminas, em 9 de abril, quando o jovem André Luiz de Souza, empregado da empreiteira Enesa Engenharia, foi atingido por um cabo de aço. Para o presidente do sindicato dos trabalhadores na construção civil, montagem e manutenção industrial (Sintracomos) de Santos e região, Macaé Marcos Braz de Oliveira, “todos os acidentes têm algo em comum”. Para ele, o elevado número de acidentes de trabalho anuais no Brasil, aproximadamente 1 milhão e 300 mil, tem dois grandes culpados: os empresários e o governo federal. Os empresários, segundo ele, porque descumprem as normas de proteção dos trabalhadores. O governo, por não fiscalizar as empresas, por meio do ministério do trabalho e emprego (mte). “As péssimas condições de trabalho em nosso setor e região, por exemplo, resultaram em seis outras mortes, no ano passado, na construção civil e em Cubatão”, destaca o sindicalista. “Como sempre, as empresas dizem lamentar o ocorrido e garantem prestar toda solidariedade à família, compartilhando sua dor. Mas alguém acredita nisso? Queremos é o fim dos acidentes”, diz Macaé.

Mortes  de 2014

17 de dezembro

Sandro Luiz de Andrade, 38 anos, caiu do oitavo andar de um prédio em construção, no Centro de Mongaguá, e morreu na hora, após atingir dois colegas, no chão.

25 de novembro

O pintor de paredes Amos Francisco da Silva, de 25 anos, caiu de um prédio no conjunto residencial Riviera de São Lourenço, em Bertioga, chegou a ser levado ao pronto-socorro, mas morreu.

3 de novembro

Acidentado havia 50 dias, morreu, nessa madrugada, na Santa Casa de Santos, o trabalhador Francisco Antônio de Alencar. Ele caiu de uma das oito casas geminadas em construção no bairro Marapé, em Santos.

30 de outubro

O soldador Aldo Sebastião Bispo, de 60 anos, morreu na obra do edifício ‘Green Garden’, ainda em fase inicial, no bairro Embaré, em Santos, após ser atingido pela queda de um muro.

6 de outubro

Morreu o trabalhador Wellington Monteiro, na montagem de um elevador de açúcar, no armazém 16 do porto de Santos. Ele trabalhava para a RDC Construtora e Incorporadora.

29 de janeiro

Na Usiminas, em Cubatão, morreu o soldador Paulo Dias de Moura, de 58 anos, após cair de uma plataforma de 30 metros. Foi o primeiro acidente fatal do ano.

No mundo  Números da OIT

De acordo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que adotou, em 2003, o 28 de abril como dia mundial da segurança e saúde no trabalho, 270 milhões de ocorrências por ano são registradas no mundo.  Cerca de 2,2 milhões desses acidentes resultam em mortes. No Brasil, segundo o relatório, são 1,3 milhão de casos, que têm como principal causa as más condições nos locais de trabalho. Segundo o estudo da OIT, o Brasil ocupa o 4º lugar em relação ao número de mortes, com 2.503 óbitos. O país perde apenas para China (14.924), Estados Unidos (5.764) e Rússia (3.090). Na década de 1970, o Brasil registrava uma média de 3.604 óbitos para 12.428.826 trabalhadores. Nos anos 1980, o número de trabalhadores aumentou para 21.077.804 e as mortes chegaram a 4.672.  Já na década de 1990, houve diminuição: 3.925 óbitos para 23.648.341 trabalhadores. O anuário estatístico da previdência social de 2006, último publicado pelo INSS, mostra que número de mortes relacionadas ao trabalho diminuiu 2,5%, em relação ao ano anterior. Entretanto, os acidentes de trabalho aumentaram e ultrapassaram os 500 mil casos. Dados dos ministérios do trabalho e previdência social de 2005 mostram que as áreas com maior número de mortes são transporte, armazenagem e comunicações, com sete óbitos entre 3.855 trabalhadores. A indústria da construção, com seis óbitos entre 6.908 trabalhadores, vem em seguida.  Atualização Joca Diniz. Texto Paulo Passos. Foto Vespasiano Rocha.